sexta-feira, 11 de junho de 2010

Ruas Mirabolantes



Direção: Tiago Lopes e Camila Farina
Ano: 2005

Este documentário é o resultado do registro de uma atividade simultânea à mostra !Mirabolante Miró, realizada no Santander Cultural em agosto de 2005. O Santander Cultural convidou para essa atividade 10 artistas urbanos gaúchos: Bruno9li, Carla Barth, Emerson Pingarilho, Emir, Geraldo Tavares, Gustavo Gripe, Mateus Grimm, Spectrogirl, Paula Plim e Trampo, que aceitaram realizar releituras das obras do pintor Juan Miró. A partir dessas releituras foram produzidos 1000 cartazes, colados pelos artistas durante uma noite e um dia nos muros de Porto Alegre.


Tiago Lopes também é professor do Curso de Documentários "è tutto vero" promovido pela Faculdade Cenecista.
Doutorando em Ciência da Comunicação (UNISINOS). Mestre em Ciência da Comunicação (UNISINOS). Graduado em Publicidade e Propaganda (ESPM -RS). Realizador audiovisual com especialidade em mídias e narrativas interativas.

Documentário no Brasil: Ontem, hoje e, quem sabe, amanhã.

Bom, amparados em tudo que vimos até agora, acho que o curso merece uma noite de aula focado na produção de cinema documental no Brasil. Ou seja, aproveitando o link do “Prisioneiro...” e da história do Coutinho, podemos fazer um paralelo do que aconteceu no Brasil ao longo da evolução das linguagens e da história do documentário internacionalmente. Aí podemos abranger os documentários políticos, podemos falar sobre a primeira fase do Globo Repórter e os programas de reportagem da Manchete, podemos falar especificamente sobre “Cabra marcado para morrer”, sobre a produção da RBSTV, inclusive, que se faz muito em cima do docudrama, buscando uma linguagem que seduza o seu expectador do meio-dia, mas também que não seja cara como uma ficção; acho que pode seguir por esse caminho até chegar na produção vertiginosa atual do documentário no Brasil. Na produção e também nas Escolas de Cinema e Festivais de Documentários que, de uma forma ou de outra, todos eles se afirmaram e se proliferaram a partir do surgimento do digital. Inclusive esse curso.

Cabra Marcado para Morrer, Eduardo Coutinho, 1964/1984: (fragmento)



O homem dos raios, Boca Migotto, 2009: (teaser)



Por Ivanir Migotto (Boca)

O documentário pós-anos 60 e a Revolução Digital.

Aqui podemos explorar o cinema documental que ganha uma sobrevida a partir da chegada da tecnologia do vídeo digital. É um período que vê o resgate de velhos cineastas importantes como Coutinho, João Batista de Andrade, que estavam fadados ao esquecimento em virtude da falta de interesse social no documentário associado aos custos altos de sua produção. Assim como o digital resgata esses velhos dinossauros e prova que eles ainda tinham e tem muito a nos falar, também colabora com o surgimento de novos talentos e, mais do que isso, novos métodos de produção os quais, em última instância, se abastecem de conceitos oriundos das mais diferentes escolas já vistas anteriormente. Vejo “O prisioneiro da grade de ferro” como um bom exemplo desse novo momento.

O prisioneiro da grade de ferro, Paulo Sacramento, 2003: (fragmento)



Por Ivanir Migotto (Boca)

A câmera 16mm e a revolução da verdade: Irmãos Drew e o Direct Cinema nos EUA e Jean Rouch e o Cine Veritè na França.

Período que eu, particularmente, mais gosto de estudar e ensinar. Os anos 1960 e toda ebulição cultural, no cinema, se aproxima da invenção da câmera 16mm e do gravador Nagra que permitem que os cineastas se libertem das amarras do tripé ou dos grandes geradores. Isso logo tem reflexos na produção de filmes documentais tanto nos EUA, como na Europa. O Cinema Direto acredita que deve gravar as situações como se o cineasta por trás da câmera fosse uma mosca na parede, ou seja, sem intervir naquilo que ocorre a sua frente. Já Rouch, na França, acredita que isso não é possível e, portanto, é melhor deixar claro ao espectador que aquela obra está sendo criada. Aqui retornamos com o conceito de metalinguagem e é possível discutir, inclusive, a influencia desse cinema nos movimentos cinematográficos de ruptura que viriam a seguir como Nouvelle Vague, Cinema Novo, New American Cinema, etc. E tudo isso acaba se refletindo, dez anos depois, na produção videográfica brasileira, tanto na construção de uma linguagem do vídeo como no próprio “rejuvenescimento” da programação televisiva, inclusive e principalmente da Rede Globo.

Crônica de um verão, Jean Rouch e Edgar Morin, 1960: (fragmento)



Por Ivanir Migotto (Boca)

Conteúdos

O curso apresenta-se separado em quatro módulos e combina momentos teóricos e práticos com exercícios de produção audiovisual. No primeiro módulo, trazemos um breve panorama histórico e teórico do documentário e da estética do gênero para discutirmos, em seguida, alguns contextos socioculturais de produção e veiculação no Brasil e no mundo.

No segundo módulo, são apresentados conceitos e técnicas: pesquisa, linguagem, produção, entrevista, fotografia, montagem e direção em documentário.

No terceiro módulo, através de exercício prático, vamos produzir um vídeo documentário com a turma, seguindo argumento proposto e discutido em aula.

O quarto e último módulo é destinado ao trabalho de montagem, finalização, exibição do vídeo produzido e encerramento do curso.

Por Felipe Gue Martini

Vertov, Construtivismo Russo e a Escola do Documentário Inglês de John Grierson

Dziga Vertov é do período das grandes invenções que transformaram as cidades em metrópoles. E ele trabalha muito bem isso através do registro da transformação dessas cidades através dessa modernidade tecnológica que passa a fazer parte do dia-a-dia dos habitantes. Mas mais do que isso, Vertov se preocupa com a problemática por trás da produção cinematográfica e é um dos primeiros a refletir imageticamente sobre essa produção. É um argumento para introduzir a metalinguagem no curso, conceito esse que deverá ser retomado de qualquer forma lá adiante quando falarmos de Cinema Verdade. Por outro lado temos a Escola do Cinema Britânico de Documentário, capitaneada pelo Grierson e com participação ativa do brasileiro Alberto Cavalcante, que veio a ser, anos depois, diretor dos Estúdios Vera Cruz. Ao trabalharem nessa configuração de uma linguagem comum e características semelhantes para todos os filmes produzidos pelo selo do Post Office Britânico, Grierson e demais compilaram conceitos oriundo tanto de Vertov como de Flaherty. Esse último, inclusive, também fez parte desse movimento. E criaram a primeira Escola de Documentário que está ainda hoje presente nas obras da BBC ou Channel4.

O homem com a câmera, Dziga Vertov, 1929: (fragmento)



Night Mail, John Grierson, 1932: (fragmento)



Por Ivanir Migotto (Boca)

De Lumierè e o cinema de Atualidades a Robert Flaherty e a narrativa documental

Uma noite que poderia abranger o surgimento do cinema e discutir um pouco a confusa ideia de que o cinema nasceu como documentário pelas mãos dos Lumierè enquanto a ficção surgiu através de Méliès. Essa discussão é sempre boa e abre as portas para se falar do cinema de atualidades, as gravações de cenas cotidianas, ditas “reais” porém sem uma narrativa que as costurem. O primeiro personagem – e falar “o primeiro” sempre é algo complicado, mas assim nos conta a história registrada nos livros – a fazer essa ligação narrativa foi o Flaherty. Através dele e dos métodos que trouxe para a produção de documentários é possível discutir e refletir sobre a “verdade” no cinema. O que envolve a produção de um documentário por trás das câmeras e daquilo que se transforma no produto final?



Nannok of the North, Robert Flaherty, 1922: (fragmento)



Primeiros filmes dos irmãos Lumierè, 1895: (fragmentos)



Viagem a Lua, Georges Méliès, 1902:




Por Ivanir Migotto (Boca)
Professor do Curso "è tutto vero" promovido pela Faculdade Cenecista.
Mestre em Ciências da Comunicação (UNISINOS). Graduado em Publicidade e Propaganda (UNISINOS) e Especialista em Cinema. Realiza trabalhos audiovisuais para a RBS TV.

Por que Bento Gonçalves?

Ao trazer o curso para a região de Bento Gonçalves, celebrada pela diversidade cultural e étnica de sua população, queremos instigar os alunos e a comunidade local a contar suas histórias em formato audiovisual. No entanto, antes de propor um registro cumulativo e acrítico dos universos culturais que são os traços característicos destas sociedades, queremos reler, conversar, discutir estes contos locais; conhecê-los ou revê-los, valorizá-los ao pensar sobre sua própria validade expressiva. Assim, o curso traz uma abordagem do documentário como um fazer refletido e crítico de produto cultural, onde não só o objeto “filme” é importante, mas seu processo de realização é visto como espaço criativo de construção de conhecimento e cultura.

A experiência prática que viabilizamos aos alunos de comunicação da faculdade Cenecista e demais interessados, deve se ampliar, então, para um diálogo entre espaço acadêmico e seu ambiente cultural circunvizinho. Encontro entre a produção refletida de audiovisuais com os universos de vivência e circulação de sentido dos diferentes segmentos das populações regionais; espaço aberto que visa discutir a importância da produção cultural localizada, em suas possibilidades de ampla dimensão e diversidade temática, como estratégia de inclusão socioeconômica e cultural, promoção turística e valorização das potencialidades regionais em todos os sentidos.


Por Felipe Gue Martini


Por que fazer audiovisuais? Por que documentar?

Fotograma de “O homem com a câmera" Dziga Vertov

O desejo humano de expressar e produzir histórias encontra no produto audiovisual uma possibilidade inesgotável de expressividades e formas narrativas, éticas e estéticas. Talvez por isso, as linguagens cinematográfica e televisiva encontrem tanta receptividade entre os homens, seja para ver ou fantasiar suas realidades vividas, seja para inscrever no tempo histórias e memórias.

O curso de extensão em produção de documentário pretende tratar do fazer cinematográfico como ferramenta de reflexão sobre os contextos socioculturais. A proposta visa ir além de uma abordagem instrumental, com foco exclusivo nos fazeres técnicos audiovisuais e suas aplicações práticas. Acreditamos que, através da aprendizagem reflexiva e dialógica, podemos pensar coletivamente, como o homem e as linguagens audiovisuais traçaram caminhos comuns, de expressividade das narrativas históricas, onde a imagem e o som tiveram um papel importante não só de relato, mas de invenção e narração de diversos tempos e espaços, enquanto produtos de culturas e de sociedades.


Por Felipe Gue Martini
Professor do Curso "è tutto vero" promovido pela Faculdade Cenecista.
- Jornalista, Mestrando em Comunicação (Unisinos), Especialista em Projetos Sociais e Culturais (UFRGS). Realizador Audiovisual.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

è tutto vero!


Curso de extenção
Produção audiovisual com ênfase em documentário.

Momentos teóricos e práticos com exercícios de produção audiovisual para contar histórias de uma nova maneira!

Inscrições de 10 a 30 de Junho.

Início do Curso 8 de Julho.

Carga Horária: 60 horas (Quinta a sábado)



Faculdade Cenecista de Bento Gonçalves
Curso de Publicidade e Propaganda
www.cnecbento.com.br